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Follow-on: Quando uma Empresa Já Listada na Bolsa Lança Novas Ações

Follow-on: Quando uma Empresa Já Listada na Bolsa Lança Novas Ações

29/06/2025 - 13:57
Yago Dias
Follow-on: Quando uma Empresa Já Listada na Bolsa Lança Novas Ações

O mercado de capitais oferece diversas ferramentas para que empresas possam financiar suas operações e projetos. O follow-on é uma dessas oportunidades, permitindo que companhias já listadas em bolsa realizem uma oferta pública subsequente de ações para atender objetivos estratégicos. Neste artigo, vamos explorar em detalhes como esse processo funciona, quais são seus impactos para investidores e dicas práticas para acompanhar e participar de uma operação desse tipo.

O que é Follow-on?

O follow-on é um mecanismo de captação de recursos em que uma empresa que já possui ações negociadas no mercado emite novas ações para investidores. Diferente do IPO (Oferta Pública Inicial), no qual a companhia abre seu capital pela primeira vez, o follow-on envolve a emissão de novas ações pela companhia com o objetivo de financiar iniciativas já em andamento ou expandir atividades.

Geralmente, as empresas recorrem ao follow-on para fortalecer seu caixa, refinanciar dívidas ou sustentar fases de crescimento acelerado. Para conduzir essa operação, é necessário obter aprovações internas e regulatórias, além de elaborar um prospecto detalhado para orientar o mercado.

Tipos de Follow-on

Existem duas modalidades principais de follow-on, cada uma atendendo a propósitos distintos:

  • Follow-on Primário: a empresa emite novas ações e o capital captado vai diretamente para o caixa da companhia, permitindo investimentos em projetos, expansão ou redução de passivos.
  • Follow-on Secundário: acionistas atuais, como investidores institucionais ou fundadores, vendem parte de suas participações existentes. O valor arrecadado vai para esses vendedores, não para a empresa.

Motivações e Benefícios

As principais razões pelas quais uma empresa opta por um follow-on incluem:

  • captar recursos para expansão de unidades operacionais ou entrar em novos mercados;
  • reduzir custos financeiros através do refinanciamento de dívidas com juros mais atrativos;
  • financiar aquisições e fusões estratégicas sem aumentar alavancagem excessiva;
  • atrair novos investidores e ampliar a base acionária, aumentando a liquidez das ações.

Além disso, um follow-on bem-sucedido pode sinalizar confiança da administração no potencial de crescimento, fortalecendo a imagem da empresa no mercado.

Processo Passo a Passo

Realizar um follow-on envolve diversas etapas rigorosas, que podem ser resumidas da seguinte forma:

  • Decisão interna: conselho de administração e diretoria avaliam a necessidade de captação e definem volume estimado.
  • Aprovação dos acionistas: assembleia geral extraordinária ratifica a operação e autoriza emissão de novas ações.
  • Definição do preço: por meio de processo de bookbuilding ou preço fixo, baseado em demanda e condições de mercado.
  • Registro na CVM: envio de prospecto detalhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para análise e homologação.
  • Divulgação ao mercado: anúncio público com metas, quantidade de ações, faixa de preço e cronograma de subscrição.
  • Período de subscrição: acionistas atuais exercem direito de prioridade na subscrição proporcional à participação existente.
  • Oferta ao público: após subscrição inicial, eventuais sobras são ofertadas a novos investidores.
  • Liquidação financeira: recursos entram em caixa da empresa e as novas ações passam a ser negociadas em bolsa.

Comparação entre IPO e Follow-on

Impactos e Direitos dos Acionistas

A emissão de novas ações pode provocar diluição acionária e volatilidade no mercado, pois o número total de papéis em circulação aumenta. Para equilibrar esse efeito, as companhias garantem aos acionistas atuais o direito de subscrição das novas ações, preservando seu percentual de participação se exercerem essa prerrogativa.

Caso o investidor decida não subscrever, pode negociar seus direitos no mercado, monetizando o benefício sem comprar novas ações.

Riscos e Desvantagens

Embora o follow-on ofereça diversas vantagens, existem riscos a serem considerados:

  • Possível redução do preço das ações no curto prazo devido ao aumento da oferta;
  • diluição acionária para quem não exercer subscrição;
  • percepção negativa do mercado se a operação for vista como sinal de necessidade urgente de caixa.

Portanto, é fundamental avaliar se o valuation e as perspectivas de crescimento justificam a nova emissão.

Cenário Brasileiro e Tendências

No Brasil, o follow-on é bastante utilizado em setores como energia, bancos e infraestrutura. Em períodos de juros baixos e mercados aquecidos, a captação via ações costuma superar dezenas de bilhões de reais anualmente.

Investidores estrangeiros aumentam sua participação quando há previsibilidade econômica e estabilidade política, tornando o ambiente mais favorável para esse tipo de operação.

Dicas para Acionistas

Para quem já possui ações e deseja aproveitar um follow-on, considere as seguintes orientações:

  • Analise atentamente o prospecto e as motivações da oferta;
  • Calcule o custo de oportunidade entre subscrever ou negociar direitos;
  • Acompanhe o preço de referência e simule diferentes cenários de alocação;
  • Considere a liquidez estimada, observando histórico de sobras e demanda de mercado.

Considerações Finais

O follow-on representa uma excelente alternativa para empresas que desejam captar recursos sem recorrer exclusivamente ao endividamento bancário. Com um planejamento bem estruturado e comunicação transparente, é possível atrair investidores, aumentar a liquidez das ações e apoiar projetos estratégicos.

Para o investidor, compreender cada etapa do processo e exercer seus direitos de forma informada é fundamental para potencializar ganhos e mitigar riscos. Assim, tanto empresas quanto acionistas podem sair fortalecidos com uma operação bem conduzida.

Yago Dias

Sobre o Autor: Yago Dias

Yago Dias